Uma entrevista de alguém simples que parece pertencer a uma comunidade…
Uma atriz interpretando seu papel, encantando e emocionando com uma história dramática…
Um teatro vazio sem plateia mas com intensidade…
Em uma determinada parte do documentário Jogo em Cena, surge a atriz Andrea Beltrão, que divide a cena com aparentemente uma mulher real contando sua história dramática e Andrea interpretando-a. As atrizes tem a missão de representar os fatos que as pessoas falam no documentário, dividindo com o espectador, e as atrizes tentam transmitir a emoção dessas mulheres como se fossem elas mesmas.
Aonde vai a interpretação e a emoção? Quando a emoção toma conta do ator a ponto de não conseguir segurá-la e transmiti-la para o personagem?
Em meio a história emocionante de uma mulher real contada ao mesmo tempo pela interpretação de Andrea Beltrão, a mulher fala de sua história de forma serena e com muita fé, mas a interpretação fica envolvida pela emoção. A atriz sente o que a “Personagem” está sentindo e não consegue segurar as lágrimas, chorando como a mulher, sem contar que a personagem real da história conta os detalhes com emoção mas sem choro e a atriz não se segura ao ter noção das palavras que são emitidas.
A atriz Marilia Pera traz uma vertente interessante do trabalho do ator principalmente na televisão, onde as lágrimas são muito bem vindas e vistas como presente, pois é algo que os atores buscam constantemente para expressar sofrimentos, enquanto na vida real as pessoas em sua maioria tentam esconder pelo fato dos sentimentos serem muito profundos e dolorosos. A todo o instante do filme as atrizes falam para a câmera e para Eduardo Coutinho que as entrevistam.
Um brinde de emoções em cada história e um banho de imersão na vida de cada personagem e de cada atriz do sentimento traduzido no documentário; diversos fatos contados para entender que o real e ficcional se misturam mas que a essência pode ser sentida de forma real, que a emoção vivenciada pelas atrizes foi além da interpretação e que as mulheres que relatavam suas vidas na entrevista se abriam para descobrir algo sobre elas mesmas.
Jogo de cena traz as duas vertentes: até que ponto é real e até que ponto é fictício, pois se fossem atrizes desconhecidas talvez ao assistir achássemos que se tratava de um documentário sem interpretação, quando na verdade há interpretações intercaladas.
Direção: Eduardo Coutinho
Ano: 2007
Gênero: Documentário